domingo, 24 de agosto de 2008

Memórias

De tanto esperar a imperfeição perfeita, o sorriso mágico, o olhar maroto, o toque gentil ou doce gosto, esquecemos. Depois de cada um, seja na ordem, na desordem ou em diferentes segundos, passou. Depois de viver parece que não vivemos, procuramos.

Esquecemos que a repetição exata é melhor que a repetição diferente, esquecemos que ter o mesmo verdadeiro para sempre, é melhor que o diferente verdadeiro do presente. Escolhemos sem razão uma saída, uma fuga ou uma ilusão, para onde o destino não esta escrito, nem o começo definido.

Esquecemos que o verdadeiro para sempre não tem final definido, que tem mais surpresas que o desconhecido, mais gostosas e saborosas, mais doces e desafiadoras. É na escolha do para sempre ou do presente estridente que fazemos da vida laboratórios de gente, mas não é deprimente.

Deprimente seria não procurar a perfeita imperfeição, seja agora diferente ou igual para sempre. Deprimente seria procurar o diferente pelo medo presente, esquecer de você e de alguém, para lembrar de outro alguém e você.

Por isso esqueça, desde que não seja deprimente, por ser isso você, você e alguém, agora ou amanhã, de verdade para a vida, ou de verdade para amanhã. De mentiras bastam as imperfeições perfeitas dos olhos de verão, da pele de inverno, dos cabelos do outono ou dos brotos da primavera.

Por isso lembre, desde que seja para sempre, por isso ser você, você e você, de agora e de sempre. De verdade então tudo o mais, as juras de hospital, os desejos de travesseiro, as promessas de espelho ou o cantar no chuveiro.

De verdade ou de mentira, para lembrar ou esquecer, de você ou de alguém, não se esqueça de lembrar, que tudo na vida fica com a gente, para sempre.

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