quinta-feira, 24 de abril de 2008

Delicadeza


Em 1996 foi a primeira vez que soube de onde vinha aquele cheirinho bom no jardim.
O jardim de casa tinha flores lindas e majestosas, mas nunca liguei muito para elas, não sou uma pessoa que gosta muito de jardins, mas aquele cheirinho bom sempre me fascinou até que descobri a florzinha lilás de manacá que exalava todo aquele perfume, foi difícil de notá-la confesso e depois de um tempo acabei me mudando, morando em outra cidade, gostando de outras flores, mas o cheirinho bom que a lilinha exalava sempre foi uma boa lembrança depois de dias corridos quando o cotidiano brusco do mundo, as buzinas, as reclamações e as caras fechadas de todos ao nosso redor parecem empestear todo o mundo com seu cheiro acre.

Sempre que podia eu procurava ver a lilinha e sentir seu perfume, mas agente vai se desacostumando com a delicadeza que é sempre tão difícil de ser encontrada e vai ficando um pouco mais áspero.

Sei que não são muitas as pessoas que percebem como esse perfume faz o mundo ser melhor lilinha, por isso eu queria dizer pra todo mundo que o cheirinho bom que agente sente de vez em quando é porque alguém está sendo delicado, ele vem de gente como você Fernanda Takai.
Obrigado viu!

P.S:
Ontem dia 23 fui num bate papo e lançamento do livro de contos e cd solo com a Fernanda Takai. Já tinha lido o livro faz um bom tempo e o aconselho a todos assim como Patu Fú que é uma das minhas bandas favoritas.
Como todo fã fui totalmente bobo na hora de pegar o autógrafo, mas é assim que agente se sente né? Além de fã do trabalho dela ela sempre foi um ícone pra mim, um símbolo de como agente pode fazer do nosso mundo um lugar melhor, nas pequenas coisas, nas filas, no trânsito, sendo gentil. Também gosto muito do John e de toda a banda, não poderia terminar isso sem citá-los.

Aproveitando o embalo eu deixo um abraço a todas as pessoas delicadas que também ajudam a dar esse cheirinho bom pro mundo. Pode parecer pouco ás vezes, mas alguém sempre nota, não se preocupem.

domingo, 20 de abril de 2008

Contos Voluptuários, Parte I (--KJ) Fuck it !

Não gosto destes brincos.
Era o que estava pensando enquanto dava os últimos retoques em sua maquiagem e vestido branco. Respirou fundo agradecendo por estar sozinha e soube: nada seria como antes.

Demorou ainda para sair do banheiro, alguns segundos ou alguns minutos, não saberia distinguir e não pôde chorar... Estava maquiada.

Todos estavam muito ocupados, decorando os bancos no amplo quintal gramado aonde seria a cerimônia ou levando coisas para a cozinha e foi fácil chegar até a sala de espera aonde tinha deixado suas coisas para pegar sua bolsa com o celular e um sobretudo, deixou as chaves e saiu.

Não sabia mais há quanto tempo estava andando. Lembrava-se de ter pegado uma pequena estrada lateral para sair do caminho descrito nos convites. Andava com o sobretudo fechado e segurava seu celular desligado em um bolso e seu i-pod no outro. Chegou à entrada da vila antes de acabarem as músicas do John Mayer e entrou em um ônibus destinado a Paris ainda a tempo de escutar “Slow dancing in a burning room”.

Lavou seu rosto maquiado no banheiro da rodoviária parisiense com simplicidade e pegou um táxi.
- Para o aeroporto, por favor. Disse com seu francês claro.
- Vai buscar alguém moça? Se ele for chegar num vôo internacional a entrada é diferente, sabe como é...
- Não, eu que estou indo viajar ela completou com um sorriso nos lábios.
- Já despachou as malas então não é? Tem gente que leva uma quantidade de malas que você não acreditaria disse o taxista ainda com seu sotaque irlandês.
- Já sim, tudo que vou precisar já está lá.

Lembrava-se de seu longo namoro que durante um bom tempo foi à distância e em como isso a deu liberdade para ficar sozinha, teria sido horrível ficar sozinha todo aquele tempo e ela não queria estar com ninguém. Lembrava-se do seu noivado na casa dos pais, de como sua vida passou até agora. Lembrava-se de como saiu de Campo Grande pra fazer faculdade em São Paulo, de como deixou São Paulo para trabalhar na França depois que terminou o curso de Moda.

Nunca havia parado para pensar em seu futuro ou sonhado com ele, sempre vivera do agora e aos poucos foi participando dos sonhos de outras pessoas, do sonho de ser filha, amante, amiga. Pensava exatamente nisso durante o caminho até o aeroporto.

Você pode estar se perguntando como alguém que fez universidade, viajou pelo mundo e estava prestes a se casar nunca havia parado para pensar no futuro e nos seus sonhos. Por isso vou te contar como Yasmim viveu até agora, é só um resumo, vai ser rápido.

Ela sempre foi alegre o que a fez extrovertida e autêntica, mudava como a maré e como alguém livre como ela sempre foi pode se prender a um sonho? No momento em que admitisse seus sonhos eles a prenderiam fazendo com que perdesse o que mais prezava; a sua liberdade para ser diferente dela mesma quando o sol voltasse a nascer.

Agora Yasmim ainda não quer dizer qual é seu sonho, mas ela sabe que nesse sonho ela não está casada, não ainda.

- Não ainda, ela diz em português quase inaudível quando fecha a porta do taxi que a deixou na frente do aeroporto.
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Essa foi a minha primeira parte, provavelmente vai demorar um pouco para os personagens se encontrarem, por enquanto vamos construir um cenário e pano de fundo.

O tema da próxima parte será "Egoísmo Necessário"